Resumo
Diz-se que a democracia moderna está em crise. De fato, no modo pelo qual os países ocidentalizados a conceberam, mormente, os países centrais, nas últimas décadas, identifica-se o esgarçamento dos direitos políticos e sociais e, portanto, da democracia. Assim, destacadamente, no Brasil, desde a proclamação da República, ao mesmo tempo que se desenha um modelo democrático nos documentos jurídicos, na realidade, constata-se a dificuldade de concretizá-lo. Diante disso, justifica-se o debate acadêmico destes problemas. O modelo educacional brasileiro é revelador das cissuras da democracia e permite questionar em que medida elas são constitutivas desta sociedade ou circunstanciais, a ponto de considerar que há uma erosão corrigível. Esse cenário permite revisitar teóricos como Florestan Fernandes haja vista que a reflexão que este autor legou ao pensamento social sobre democracia, considerando-a restrita, abre espaço para compreender os motivos pelos quais a leitura de colapso democrático aqui não se aplica.